domingo, 4 de agosto de 2013

Ao sul e ao sol



Fizemos nossa migração anual ao sul e a praia, assim como as cegonhas. 
Estas vão até o Marrocos, nós ficamos em Múrcia.

Estamos respirando o ar úmido salgado e tratando a pele com muito iodo do Mediterrâneo.






Ao sul e ao sol

sábado, 3 de agosto de 2013

Tarado

Paco tem um amigo tarado. Inteligente, sociável e muito tarado. Para ele tudo se resolveria com sexo grupal, palavras de sua “pareja” – companheira de vida. 

Da última vez, ele insinuou que deveríamos trocar de parceiro e lançou um olhar “lascivo” para mim, mordendo os lábios. Falou somente para mim e “em tom de brincadeira”. Eu não respondi nada, fiquei em silêncio pelo outros 2 quarteirões que ele andou ao meu lado. 

Ele faz “brincadeiras em tons sexuais”. 

Ao Paco, ele diz para avisá-lo quando Fulana estará por ali porque gosta de vê-la caminhar com os peitos empinados. Paco responde que nunca percebeu como ela rebola porque está prestando atenção no que a mulher tem para falar. Também ele chamou de “escravas sexuais” mulheres que trabalham com o Paco, que olhou de volta com cara de “mano, você é louco!!??” e não estendeu o assunto porque eles estavam no ambiente de trabalho. 

Das duas vezes eu estava ao lado do Paco. Fiquei bem feliz com a atitude do meu companheiro que não deu margem as “bromas” – brincadeiras – da pessoa. Mas Paco também não peitou o cara de frente como seria a reação normal dele – quando Paco não concorda com alguma coisa todos ficam sabendo, bem rapidinho. 

Assim como eu, Paco sabe que tratar como um objeto as mulheres ao seu redor não é brincadeira, nem uma piada. É machismo ou micromachismo como estão chamando, é que eu ainda não entendi muito bem. 

Mas o cara se sente tão confortável na pele de “macho alfa” – como ele mesmo se chama – que não nenhum problema em dizer que eu estou bonita e que o verão me faz bem. Ele diz estas coisas em um tom de voz baixinho: gemendo. Faz isso quando estamos sozinhos: na cozinha da minha casa passando sua mão no meu braço enquanto eu estou entre a parede e a geladeira que abri para pegar algo de beber para ele. 

Ele não é burro: sabe que só pode falar estas coisas quando não há outras pessoas por perto, principalmente o companheiro desta mulher. Ele sabe que ele não deve tratar assim uma mulher, que ele não pode ver uma mulher como um objeto de sua satisfação sexual. Mas ele faz porque pode, porque a sociedade diz que tudo bem ele não ter respeito pela mulher, desde que honre (hipocritamente) o companheiro dela. 

Tenho verdadeiro asco da criatura – e ainda não consegui peita-lo de frente como faço quando não concordo com alguma coisa, todos sabem rapidinho. Ainda não tive coragem de contar ao Paco que o amigo dele me “elogia” – porque suas palavras não são elogios, são taras de um homem machista.

·         entre aspas estão palavras que todos usam para disfarçar o machismo.




NOVIDADES:

Uma noite de verão, enche me de coragem e despejei toda minha indignação no Paco. Falei, falei e falei ... Paco: porque você me diz isso agora? 
Eu disse que não sabia como abordar isso que não sabia como contar situações que podem ser “pequenas” mas que me incomodam muito. Paco: mas ele é inofensivo. Eu: inofensivo é o caralho! Isso é machismo e você está sendo machista falando isso. Paco ficou quieto, me abraçou tentando me consolar. Para terminar eu disse: estou te avisando que da próxima vez que o tarado falar besteira eu vou responder; não vai ser bonito e talvez seja em português. Oremos!



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Uns são de mesa, outros de balcão



Paco e eu adoramos um bar, acho que isso não é novidade para ninguém! 

À noite quase não frequentamos restaurante. Escolher um restaurante para jantar em uma sexta-feira à noite não é conosco. Vamos quando convidados. Vamos com prazer!


Nós somos de bar e de balcão – “barra” em espanhol. Na maior parte das vezes ficamos em pé ou nos acomodamos nas cadeiras altas. 

Gostamos de tomar cerveja: “caña o “tercio”. Caña seria como um chopp, é cerveja de pressão, normalmente 200 ml. O tercio vem em garrafas de 330 ml, ou 33cl como os espanhóis preferem. Também tem uma garrafa menor que seria um quinto de litro que agora é conhecida como “botellin”. Está na moda servir os 5 ou 6 “botellines” em cubos de gelo. Eu acho bacana porque fica geladinho, é um desperdício de vidro mas não de líquido. Os mais espetaculares são os “mini” que são os copos de plásticos de quase um litro, estes são de balada. cuidado 

Em ocasiões especiais, pedimos “vermut de grifo”. Eu não sei explicar, ao certo, o que é; parece com martine mas não é; é vinho e tem ervas aromáticas. No verão com uma rodela de limão e um cubo de gelo é uma delicia!




Os bares são democráticos, não importa se você é homem ou mulher, se você vem sozinho ou acompanhado, a idade que tenha, sempre cabe mais um nos balcões de Madrid.



quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O sol cura tudo


Minha mãe é aquelas mulheres que acreditam nos poderes curativos do sol.

Casaco de inverno vai para o sol antes e depois da estação mias fria do ano. Da primeira vez para tirar o guardado, da segunda para secar para ser guardado. 

Toalha de banho vai para o sol para matar os bichinhos que podem dar fungos nos pés. Um bom banho termina com o tato de uma toalha quentinha que foi seca ao sol. Tem até cheiro de sol.

As roupas brancas ganham mais brancura depois de um banho de luz solar. Tem que quarar. 

O espaço para secar roupas ocupava um bom pedaço da área de fora da minha casa da infância. Eu gostava de passear entre a roupa de cama úmida pendurada nos varais para sentir o frescor da evaporação.

Na minha pequena e aconchegante casa de Madrid o varal está na janela, quer dizer, pendurado para o lado de fora da janela, como em todas as outras casas da vizinhança. Eu uso bastante, especialmente no verão. Mas sou muito pudica com as roupas exibidas. Roupas intimas não! não queria que os outros vissem o que uso “underwear”, tenho vergonha.

Depois de um longo inverno, minhas calcinhas estavam implorando por um banho de luz. Elas praticamente pularam para o varal. Eu só obedeci, tentando camuflar-las com as toalhas de banho... Assim descaradamente expus minha intimidade na janela, como todos os vizinhos.



Sol cura tudo, até vergonha!